Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Reféns da cultura do mercado - Niilistas 2

Antes de ler este post, é bom ler o anterior: http://peregrinaaqui.blogs.sapo.pt/refens-da-cultura-do-mercado-62139

 

O niilismo não é resignação à sua sina trágica (eu sou um João ninguém), mas a heróica coragem de dominar isso. Não existe ponto de referência transcendente para a verdade. Não existe ponto de referência transcendente para a verdade, dizia Nietzsche - "a verdade não se descobre, ela é feita".

 

Pelo menos a visão de Nietzsche do niilismo era rebelde. Havia alguma vida nela. Ouse ser mestre do mundo! Na década de 1960, por exemplo, muitos jovens buscavam exactamente isso, abraçando a independência dionisiana de todas as convenções sociais e até mesmo as reivindicações de verdade e moralidade última. Assim, provavelmente não é certo chamar à versão de Nietzsche do ateísmo de "niilismo", porque ele dizia que não existe nenhuma coisa em que se crer, mas se crermos em nós mesmos seremos capazes de criar a própria verdade e a realidade, não apenas verdade e realidade pessoal como também para todos os demais. Vencem os mestres.

Hoje, porém, muitos jovens são verdadeiros niilistas. Se para Nietzsche a verdade não era descoberta e sim feita por nós, para muitos, hoje, a verdade nem é feita, mas sim usada passivamente, como se usa um vestido adoptado pela cultura popular. Não realmente felizes, mas também não destituídos - na verdade, até mesmo mimados - muitos de nós encostamos-nos na poltrona e deixamos que os mestres nietschnianos de gerações anteriores nos divirtam, alimentando-nos com as suas imagens da verdade, do bom e do belo.

 

Niilismo é ter duzentos canais de televisão entre os quais escolher e a vida como uma farta e perpétua mesa de buffet onde a escolha é, em si mesma, a finalidade. Esquecemos-nos do que e por que é que estamos a escolher. Estamos a comandar, mas a dominamos uma vida  onde parece faltar qualquer sentido definido de propósito ou destino. Assim, as pessoas conformam os seus corpos aos das revistas de moda, as suas almas aos modismos de auto-ajuda, e, então, voltam para o anonimato suburbano de começar tudo de novo no dia seguinte. Essa busca inquieta, temerária, dionisiana de transformações físicas e espirituais é, em si mesma, uma forma de sofrimento. No final, os mestres tornam-se escravos.

 

A essa cultura, liderada por incansáveis mudanças instantâneas, a luz do evangelho proclama que alguma coisa aconteceu fora de nós, na história - uma interrupção divina que realmente inaugurou um mundo novo (Apocalipse 21:5).

O Espírito Santo foi enviado pelo Pai e pelo Filho, que, vitorioso, está à destra do Pai, para tornar autenticamente novas todas as coisas de dentro para fora. Mesmo agora, a consumação futura está a penetrar "este mundo perverso" (Gálatas 1:4), operando como fermento num monte de massa (ver Mateus 13:33); Lucas 13:21). Ele não promete um você melhor, um estilo ou uma "cara" ou imagem mais na moda, mas uma autêntica nova criatura.

 

Esta nova criação é obra de Deus. É a única verdadeira esperança para a humanidade.

 

o-evangelho-o-novo-nascimento-14-638.jpg

 

 

Do livro: Bom Demais para ser Verdade, págs. 148-149

Michael Horton