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Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Reféns da cultura do mercado - Niilistas 1

Vivemos numa sociedade insatisfeita. As pessoas tornam-se cada vez mais individualistas, mais egocêntricas, imorais  e amorais. Tudo, desde a ciência à política, passando por algumas religiões, buscam desesperadamente tirar Deus da criação para não terem um Criador ao qual prestar contas. 

Há pessoas que se sentem esmagadas, fragmentadas e confusas. Discordam daqueles com quem antes concordavam e alinham-se com aqueles que antes eram motivo de discussão acirrada. Metem-se em tudo na procura de algo a que chamam crescimento pessoal e espiritual: regressão, análise Jungiana, "Um curso em milagres", grupos de 12 passos de recuperação, meditação zen, reiki, yoga, Wicca, hipnoterapia, hipnose Ericksoniana, espiritismo, etc..

Procuram incansavelmente novas experiências e depois dizem que apenas querem simplificar a vida... Quantas pessoas conhecemos que vivem assim? Pessoas que são consumidoras vorazes do grande mercado das realidades em que se transformou o mundo ocidental: uma religião aqui, uma ideologia ali, um estilo de vida diferente algures.

 

O psicólogo Robert Jay Lifton chamou "a esse difundido anseio por identidades sempre novas "estilo proteano", do mito grego de Proteu, que muda constantemente de forma para fugir aos seus captores. Antigamente, ter múltiplas personalidades era sinónimo de transtorno ou doença, diz Lifton, mas hoje, é uma característica comum do pós-moderno. Uma rede de vendas de moda adoptou o slogan "Reinvente-se". Essa "paixão por renascer", pelo menos em parte, é alimentada pelo insistente senso de culpa [pecado] que jamais é confrontado. Todo o mundo deseja ser algo ou alguém diferente, uma nova criatura - mas sob os seus próprios termos.

 

Isso pede uma série viciosa e no final insatisfatória de "renascimentos", exactamente porque todos ocorrem, como disse o autor de Eclesiastes "debaixo do sol" (Eclesiastes 1:3), sem qualquer significado que penetre de fora da teia de possibilidades quotidianas deste mundo. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (Eclesiastes 1:2). Quem disse isso era alguém que tinha tudo. A nossa sede por perpétua auto transformação é gerada, em grande parte, pela cultura do mercado. Vemos propaganda de pessoas que são como gostaríamos de ser, com vidas que gostaríamos de viver, e que se vêem com a imagem que queriam projectar de si mesmas. No entanto, a verdade é que os nossos corpos estão a envelhecer, o nosso carisma a desvanecer-se; a nossa mente esquece-se e é demasiadamente distraída por aquilo que é trivial e urgente. As nossa almas são tão magras que nem sequer imaginamos o que seja glorificar a Deus e gozá-LO para sempre.

 

Em tudo isso, vivemos do redemoinho da feira das vaidades, esperando que algo novo apareça na nossa vida para mudar tudo. Assistimos aos fogos de artifício, olhamos uns para os outros e indagamos se isso é tudo o que existe para preencher a nossa vida. Essa era que se desvanece, com as suas falsas promessas e garantias de ter "o seu dinheiro de volta", transformação, luxúrias insignificantes, e diversões contínuas que na verdade são o "ópio do povo" - não a fé bíblica. O carnaval anestesia-nos quanto à realidade da Quaresma, mas é a Quaresma que nos conduz à Páscoa!

 

Noutras palavras, a vaidade da nossa cultura distrai-nos da vida na sua plenitude, embalando-nos numa superstição infantil de que tudo vai bem e de que o futuro é benigno. Somos uma tela vazia, pintando sobre nós mesmos um cenário diferente num esforço para não sermos a pessoa da canção do Beatles: "Nowhere man, living in nowhere land, making all his nowhere plans fot nobody" (Homem nenhum, vivendo em lugar nenhum, fazendo todos os seus planos de nada para ninguém).

 

Não é isso que temos a tendência de pensar que somos. Não é o que os evangelistas da tranquilidade dizem que somos; mas é exactamente isso que sabemos que somos, quando as luzes se acendem. Niilismo é o nome que damos ao fenómeno. Literalmente, significa "ser nada".

 

Baseado no livro de Michael Horton:

Bom Demais Para Ser Verdade, págs. 145-147

 

Continua:

 

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