Onde está Deus quando as tragédias acontecem?
Hoje, muitos daqueles que se dizem cristãos chamam às tragédias naturais, e não só, «coisas terríveis que apanharam Deus desprevenido» e dão às calamidades que se abatem sobre este mundo uma conotação mística e totalmente fora do controle de Deus. A culpa é sempre do Diabo, dos demónios, dos poderes deste mundo, e não consequência do pecado e da desobediência do ser humano a Deus.
Ridicularizamos Deus quando insinuamos que Ele não está no perfeito controle de tudo o que acontece neste mundo! Diminuímos a Sua soberania e o seu poder quando insinuamos que Ele nada pode fazer para evitar as tragédias que se abatem sobre a humanidade. Há muitos, muitos anos, Malagrida foi condenado à pena de garrote e de fogueira, realizando-se o suplício no auto de fé de 21 de Setembro de 1761 porque se atreveu a atribuir o Terramoto de Lisboa, 1755, ao castigo de Deus.
Pergunto:
— Deus foi apanhado de surpresa? Ou o pecado que corria desenfreado atraiu o juízo divino?
— Quantas vezes, na Bíblia, é que o pecado do povo levou Deus a enviar grandes calamidades sobre a terra?
— O dilúvio foi enviado por quem? Porquê?
Infelizmente, ao contrário do ensino, das promessas e da esperança que encontramos na Palavra de Deus, toda a nossa esperança parece concentrada nesta vida e neste mundo. A morte, que só entrou no mundo por causa do pecado, é algo que nos leva a perceber a nossa insignificância, fragilidade e a nossa incapacidade de sequer planear o dia de amanhã com a certeza de que estaremos vivos... Odiamos saber que não temos controle sobre nada e odiamos sofrer. Não, não me passa pela cabeça criticar quem chora os seus mortos! Deus me livre de tal coisa. Jesus chorou a morte de Lázaro e sabia que o ressuscitaria dali a momentos.
A morte é algo terrível e que provoca uma dor imensa porque é consequência do pecado de Adão, mas ela é também o único meio de irmos para junto daquEle que nos foi preparar um lugar e que nos provou que há vida abundante depois da morte — vida eterna e plena de gozo, alegria e paz na Sua presença. Nós, cristãos, somos peregrinos nesta terra e só estaremos na nossa Pátria após a morte deste corpo que, um dia, será ressuscitado e se juntará ao espírito que já está com o Pai, na glória.
Num mundo que quer a todo o custo tirar Deus da criação para não ter que Lhe prestar contas, e que aprova diariamente leis que Deus abomina e que suscitam a Sua ira, convém olharmos para a Escritura e perceber que: «do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.» (Romanos 1:18).
Jesus nunca ensinou que o Diabo fazia as tragédias acontecer à revelia de Deus. Ele jamais deu uma conotação mística aos males do corpo e às calamidades e tragédias que vieram sobre os homens, mas, ao contrário desta geração de cristãos, Ele afirmou que esses eram os desígnios e/ou juízos Divinos.
Em Lucas 31:1-5, Jesus lemos: «Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles. Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.»
Em João 9:1-3, lemos: «E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.».
Como filha de Deus, como cristã, prefiro crer num Deus Todo-Poderoso e Soberano que está no pleno controle da Sua criação — céus, terra e mares — do que acreditar que os humores do nosso adversário, Satanás, ou a própria natureza, à revelia do Criador, O podem apanhar distraído e frustrar os Seus desígnios matando os seus filhos e as suas criaturas sem que Ele nada possa fazer para o evitar. Eu creio no Deus de Jó:
«Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimento tem.
Eis que ele derruba, e ninguém há que edifique; prende um homem, e ninguém há que o solte.
Eis que ele retém as águas, e elas secam; e solta-as, e elas transtornam a terra.
Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que o faz errar.
Aos conselheiros leva despojados, e aos juízes faz desvairar.
Solta a autoridade dos reis, e ata o cinto aos seus lombos.
Aos sacerdotes leva despojados, aos poderosos transtorna.
Aos acreditados tira a fala, e tira o entendimento aos anciãos.
Derrama desprezo sobre os príncipes, e afrouxa o cinto dos fortes.
Das trevas descobre coisas profundas, e traz à luz a sombra da morte.
Multiplica as nações e as faz perecer; dispersa as nações, e de novo as reconduz.
Tira o entendimento aos chefes dos povos da terra, e os faz vaguear pelos desertos, sem caminho.
Nas trevas andam às apalpadelas, sem terem luz, e os faz desatinar como ébrios.»
Jó 12:13-25
Eis que ele derruba, e ninguém há que edifique; prende um homem, e ninguém há que o solte.
Eis que ele retém as águas, e elas secam; e solta-as, e elas transtornam a terra.
Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que o faz errar.
Aos conselheiros leva despojados, e aos juízes faz desvairar.
Solta a autoridade dos reis, e ata o cinto aos seus lombos.
Aos sacerdotes leva despojados, aos poderosos transtorna.
Aos acreditados tira a fala, e tira o entendimento aos anciãos.
Derrama desprezo sobre os príncipes, e afrouxa o cinto dos fortes.
Das trevas descobre coisas profundas, e traz à luz a sombra da morte.
Multiplica as nações e as faz perecer; dispersa as nações, e de novo as reconduz.
Tira o entendimento aos chefes dos povos da terra, e os faz vaguear pelos desertos, sem caminho.
Nas trevas andam às apalpadelas, sem terem luz, e os faz desatinar como ébrios.»
Jó 12:13-25
Maria Helena Costa