E se fosse consigo? — Crianças vítimas de maus-tratos
Na segunda feira, a SIC ofereceu-nos mais um programa "E se fosse consigo?" cujo tema foi "Crianças vítimas de maus tratos".
Lamentavelmente, mais uma vez, se misturaram alhos com bugalhos.
Por um lado, vimos um mãe de cabeça perdida com a filha desobediente que, do meu ponto de vista, só precisava mesmo de uma palmada bem dada em vez de tanta gritaria, ameaças e insultos que nada resolvem. Humilhar e insultar as crianças, em público ou em privado, não é sequer uma forma correcta de educar. Por outro lado, misturaram-se situações de abandono e maus tratos infantis continuados, que devem ser punidos judicialmente, com uma situação de desobediência de uma criança e a mãe de cabeça perdida aos berros no meio da rua.
As situações abordadas eram simplesmente incomparáveis...
No fim, ouvimos as crianças a dizer que não queriam ser corrigidas, repreendidas, ouvir um berro ou levar umas palmadas... Crianças que foram maltratadas e até abandonadas... Enfim, mais uma vez o programa desinformou mais do que informou.
No meu livro "Crianças Entregues a Si Mesmas — O que estão a ensinar aos nossos filhos?", abordo o assunto da palmada e da necessidade de corrigir eficazmente os nossos filhos. Como mãe de três filhos (um no primeiro ano da Universidade e dois já adultos e independentes), falo sobre o assunto tal e qual como o vejo e como Deus nos ensina a vê-lo. Eis um excerto:
"BATER, RESOLVE OU NÃO?
Em 196 países, apenas 43 consideram ilegal bater nas crianças. Portugal implementou esta lei em 2007, o ano em que Espanha, Holanda, Nova Zelândia, Venezuela, Togo e Uruguai decidiram fazer o mesmo.
Para que os pais sejam punidos basta serem denunciados pelos “agredidos” ou apanhados em flagrante delito. A lei foi promulgada e determina: pais, familiares, responsáveis e agentes públicos executores de medidas socio-educativas que usem o castigo corporal como medida correctiva, devem receber encaminhamento para um programa oficial ou comunitário de protecção à família, tratamento psicológico ou psiquiátrico, e advertência. A Lei também prevê a punição, de 1 a 4 anos de prisão, além da perda da posse e guarda da criança, não só para os adultos que espanquem brutalmente os filhos, mas também para aqueles que lhes derem umas “palmadas pedagógicas” ou os agredirem psicologicamente.
Os argumentos favoráveis à lei alegam que ela visa o reconhecimento e a garantia dos direitos humanos de crianças e adolescentes, bem como a extinção de um costume antiquado. Outros argumentos alegam que a violência física não educa as crianças para uma cultura que se pretende ser pacífica e não-violenta. Segundo os seus defensores, a lei da palmada é uma acção que pretende educar as pessoas para que resolvam os seus problemas através do diálogo e da compreensão mútuas, e não por meio de agressões físicas e/ou humilhações.
Os argumentos contrários à lei devem-se, segundo alguns entendidos, à aceitação cultural do castigo físico a crianças e adolescentes pelos pais e responsáveis, sendo que, o principal argumento contra a lei é a rejeição, pelas famílias, da intervenção do Estado em assuntos privados como seja a educação dos filhos dentro de casa.
Há muitos equívocos na lei, nos “prós” e nos “contras”.
Maltratar e humilhar não é, nem nunca foi, uma forma correcta e bíblica de educar. Descarregar a raiva e a frustração num ser humano que não se pode defender é cobardia, falta de amor e de respeito.
Concordo totalmente com a lei que pune aqueles que espancam brutalmente os filhos e, certamente, esses pais precisam de acompanhamento psiquiátrico porque só podem estar mentalmente desequilibrados. Mas, castigar de igual forma quem aplica um castigo corporal na hora e na medida certa é meio caminho andado para a anarquia que hoje vemos por aí. Os filhos desobedecem ostensivamente aos pais, não os respeitam e, mais tarde ou mais cedo, muitos acabam por os agredir. O que é que a Palavra de Deus quer dizer quando afirma:
“O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga.”? (Provérbios 13:24)
Eu sei que “odiar” soa demasiado forte aos ouvidos modernos. Em hebraico o termo usado é: “sânê”. No livro de Provérbios, é usado 25 vezes para mostrar a atitude daquele que desprezou o conhecimento:
“Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? E vós escarnecedores, desejareis o escárnio? E vós insensatos, odiareis o conhecimento? [...] Porquanto odiaram o conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor.” (Provérbios 1:22, 29)
Daquele que desprezou a disciplina:
“E então digas: Como odiei a correcção! e o meu coração desprezou a repreensão!” (Provérbios 5:12)
Da atitude de desprezo e rejeição de Deus para com o pecado:
“Estas seis coisas o Senhor odeia” (Provérbios 6:16)
E da atitude do homem piedoso para com o pecado:
“O temor do Senhor é odiar o mal; a soberba e a arrogância, o mau caminho e a boca perversa, eu odeio.” (Provérbios 8:13)
Em Provérbios 13:24, o termo “odiar” contrasta com “amar”. Ou seja, o texto diz que quem ama o seu filho tem uma atitude (disciplina-o fisicamente), e quem não faz isso tem um sentimento oposto ao amor — desprezo e ódio.
Eu sei que o leitor está a pensar: “Ó, eu amo o meu filho, não lhe vou bater!”. Ou: “Odiar o meu filho? Eu não lhe bato porque o amo! Como poderia provocar-lhe dor?”.
Essa concepção errada é fruto da cultura actual e não considera, em momento algum, que o próprio Deus, o Pai mais amoroso e misericordioso que existe, nos disciplina através da dor:
“[...] Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.” (Hebreus 12:5-6)
Porém, não é só isso que o sábio Salomão nos ensina sobre o uso da vara:"
Leia mais no livro que sairá brevemente: "Crianças entregues a si mesmas" — O que estão a ensinar aos nossos filhos?"
Maria Helena Costa