DEIXAI TODA A ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS!
"O MAM alegou não ter nada de "erotização" na performance em que o "artista" Wagner Schwartz é "tocado" (e não "toca") por uma criança de aproximadamente 5 anos; estão certos.
Não há mesmo qualquer "erotização" naquilo, pois trata-se de pura expressão da bestialidade humana. O homem nu, a criança curiosa e a plateia apática estão "despidos" de toda a imaginação simbólica e civilizada para se tornarem nada mais nada menos do que pedaços de carnes despersonalizados; paradoxalmente a partir do que há de mais íntimo. Nem os mortos são velados assim — nus.
O nu é exposto dessa maneira apenas em aulas de anatomia ou naquelas imagens de judeus empilhados no holocausto. O problema da performance, nesse sentido, é revelar, nela mesma, o pior do ser humano: a sua desumanização. O artista desnudado é o homem desumanizado que arrasta para o não-simbólico a criança e a plateia. Não se trata mesmo de pedofilia, uma desordem sexual, mas de uma doença pior: o niilismo puro e simples. E mais: o niilismo justificado como "arte". O que era para ser esperança acaba de amputar toda a esperança. Na entrada da exposição deveria estar escrito:
DEIXAI TODA A ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS!
Pois é disso que se trata, a arte que traz o inferno para o mundo."
— Francisco Razzo