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Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Se eu conseguisse...

Se eu conseguisse isto... Se conseguisse realizar o meu sonho de sempre... se...
 
 
«E alguns dias depois entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa.
E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta cabiam; e anunciava-lhes a palavra.
E vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro.
E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados.» (Marcos 2:1-5)
 
 
"A Bíblia diz que o nosso maior problema é que todos nós construímos a nossa identidade sobre qualquer coisa menos Jesus. Pode ser a nossa carreira ou mesmo algum relacionamento _ ou até mesmo a cura da doença _ , mas estamos sempre a dizer: 'Se conseguisse isso, realizaria o meu grande sonho e, então, tudo o mais ficaria bem'. E sonhamos que aquilo poderá salvar-nos do esquecimento, da desilusão, da mediocridade. Fazemos desse desejo o nosso salvador. Ninguém usa essa palavra, evidentemente, mas na prática é isso que acontece. E se nunca conseguimos realizar esse desejo, ficamos com raiva e sentimos-nos vazios, infelizes. Todavia, se conseguirmos realiza-lo, acabaremos por nos sentir ainda mais vazios, mais infelizes. Isso acontece porque distorcemos o nosso grande sonho ao fazer dele o nosso salvador, e quando finalmente conseguimos realiza-lo, ele volta-se contra nós.
Jesus diz: 'Veja bem, se você me tiver, eu realiza-lo-ei de verdade, e mesmo que você falhe, eu sempre o perdoarei. Eu sou o único Salvador capaz de fazer isso. 'Mas isso é algo tão difícil de perceber. Muitos começam buscando a Deus, indo à igreja, por causa de problemas. Ali, pedem que Deus lhes dê um empurrãozinho para que possam voltar a tentar salvar-se, a tentar realizar o seu grande sonho. O problema é que estão à procura de um salvador que não é Jesus.Quase sempre quando, pela primeira vez, eles vão até Jesus e dizem: 'Este é o meu maior sonho', Ele responde-lhes que precisam ir mais fundo do que isso. [...] Veja bem, o problema não era o nosso mais profundo desejo, assim como não era errado que o paralítico quisesse andar, ou que alguém queira ser uma celebridade e ter sucesso [...] O facto de pensarmos que a realização do nosso mais profundo desejo iria curar-nos, salvar-nos - esse sim era o verdadeiro problema. Tivemos que permitir que o nosso Salvador fosse Jesus."
 
Timothy Keller
A Cruz do Rei, págs. 49 e 51

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Onde está Deus quando as tragédias acontecem?

Hoje, muitos daqueles que se dizem cristãos chamam às tragédias naturais, e não só, «coisas terríveis que apanharam Deus desprevenido» e dão às calamidades que se abatem sobre este mundo uma conotação mística e totalmente fora do controle de Deus. A culpa é sempre do Diabo, dos demónios, dos poderes deste mundo, e não consequência do pecado e da desobediência do ser humano a Deus.
Ridicularizamos Deus quando insinuamos que Ele não está no perfeito controle de tudo o que acontece neste mundo! Diminuímos a Sua soberania e o seu poder quando insinuamos que Ele nada pode fazer para evitar as tragédias que se abatem sobre a humanidade. Há muitos, muitos anos, Malagrida foi condenado à pena de garrote e de fogueira, realizando-se o suplício no auto de fé de 21 de Setembro de 1761 porque se atreveu a atribuir o Terramoto de Lisboa, 1755, ao castigo de Deus.
 
Pergunto:
— Deus foi apanhado de surpresa? Ou o pecado que corria desenfreado atraiu o juízo divino?
— Quantas vezes, na Bíblia, é que o pecado do povo levou Deus a enviar grandes calamidades sobre a terra?
— O dilúvio foi enviado por quem? Porquê?
 
 
Infelizmente, ao contrário do ensino, das promessas e da esperança que encontramos na Palavra de Deus, toda a nossa esperança parece concentrada nesta vida e neste mundo. A morte, que só entrou no mundo por causa do pecado, é algo que nos leva a perceber a nossa insignificância, fragilidade e a nossa incapacidade de sequer planear o dia de amanhã com a certeza de que estaremos vivos... Odiamos saber que não temos controle sobre nada e odiamos sofrer. Não, não me passa pela cabeça criticar quem chora os seus mortos! Deus me livre de tal coisa. Jesus chorou a morte de Lázaro e sabia que o ressuscitaria dali a momentos.
 
A morte é algo terrível e que provoca uma dor imensa porque é consequência do pecado de Adão, mas ela é também o único meio de irmos para junto daquEle que nos foi preparar um lugar e que nos provou que há vida abundante depois da morte — vida eterna e plena de gozo, alegria e paz na Sua presença. Nós, cristãos, somos peregrinos nesta terra e só estaremos na nossa Pátria após a morte deste corpo que, um dia, será ressuscitado e se juntará ao espírito que já está com o Pai, na glória.
 
Num mundo que quer a todo o custo tirar Deus da criação para não ter que Lhe prestar contas, e que aprova diariamente leis que Deus abomina e que suscitam a Sua ira, convém olharmos para a Escritura e perceber que: «do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.» (Romanos 1:18).  
 
Jesus nunca ensinou que o Diabo fazia as tragédias acontecer à revelia de Deus. Ele jamais deu uma conotação mística aos males do corpo e às calamidades e tragédias que vieram sobre os homens, mas, ao contrário desta geração de cristãos, Ele afirmou que esses eram os desígnios e/ou juízos Divinos.
 
Em Lucas 31:1-5, Jesus lemos: «Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles. Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis. Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.»
 
Em João 9:1-3, lemos: «E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.».
 
Como filha de Deus, como cristã, prefiro crer num Deus Todo-Poderoso e Soberano que está no pleno controle da Sua criação — céus, terra e mares — do que acreditar que os humores do nosso adversário, Satanás, ou a própria natureza, à revelia do Criador, O podem apanhar distraído e frustrar os Seus desígnios matando os seus filhos e as suas criaturas sem que Ele nada possa fazer para o evitar. Eu creio no Deus de Jó:
 
«Com ele está a sabedoria e a força; conselho e entendimento tem.
Eis que ele derruba, e ninguém há que edifique; prende um homem, e ninguém há que o solte.
Eis que ele retém as águas, e elas secam; e solta-as, e elas transtornam a terra.
Com ele está a força e a sabedoria; seu é o que erra e o que o faz errar.
Aos conselheiros leva despojados, e aos juízes faz desvairar.
Solta a autoridade dos reis, e ata o cinto aos seus lombos.
Aos sacerdotes leva despojados, aos poderosos transtorna.
Aos acreditados tira a fala, e tira o entendimento aos anciãos.
Derrama desprezo sobre os príncipes, e afrouxa o cinto dos fortes.
Das trevas descobre coisas profundas, e traz à luz a sombra da morte.
Multiplica as nações e as faz perecer; dispersa as nações, e de novo as reconduz.
Tira o entendimento aos chefes dos povos da terra, e os faz vaguear pelos desertos, sem caminho.
Nas trevas andam às apalpadelas, sem terem luz, e os faz desatinar como ébrios.»
Jó 12:13-25
 
Maria Helena Costa

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Concordata vs Estado Laico

A nível nacional

 

Portugal é visto, por grande parte da população portuguesa, como um país laico, ou seja, um país que não está sujeito a qualquer tipo de governo de domínio religioso. Sendo um país democrático, onde há igualdade entre todos os cidadãos e cidadãs, todas as pessoas têm o direito a exercer a sua religião livremente e nenhum grupo religioso pode ser beneficiado, pelo Estado, em relação aos outros. Todas as religiões estão em pé de igualdade, pelo menos segundo consta a Constituição no ponto 4. do Artigo 41º, ao referir que “As igrejas e outras comunidades religiosas estão separadas do Estado e são livres na sua organização e no exercício das suas funções e do culto.”.


Acontece que, em 7 de maio de 1940, foi celebrada a Concordata Católica entre a Santa Sé e a República Portuguesa, estando claro, no início da mesma, que um dos objetivos é a “evolução das suas relações [da Igreja] com a comunidade política”, ou seja, o interesse da religião em influenciar, de certa forma, nas decisões do Estado. No ponto 1. do Artigo 1º, diz a Concordata que “A Santa Sé e a República Portuguesa declaram o empenho do Estado e da Igreja Católica na cooperação para a promoção da dignidade da pessoa humana, da justiça e da paz.” e no ponto 3. que “A República Portuguesa reconhece a personalidade jurídica da Igreja Católica.”. Num Estado verdadeiramente laico, isto não pode acontecer. O Estado tem que estar completamente isento da influência de qualquer tipo de religião.


A Concordata está repleta de exigências e, muitas delas, vão contra os direitos promulgados na Constituição Portuguesa. O simples facto de a Concordata apenas priveligiar o povo católico em relação à restante população, já vai contra um dos artigos expressos na Constituição Portuguesa.
No ponto 2. do Artigo 13º, diz a Constituição que Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.”. Mas, isto não acontece, dado que a Concordata, no fundo, acaba por ter mais poder sobre a Constituição e, na Concordata, há privilégios e benefícios que a Constituição condena.


A realidade, em Portugal, e que muitas pessoas não sabem porque é uma forma de discriminação religiosa bastante subtil que só quem pratica outra religião que não a Católica sente, é que nem todas as religiões têm total liberdade para se expressarem publicamente, por exemplo. Qualquer religião, exceto a Católica, que queira manifestar-se publicamente, terá que recorrer às autoridades da região, pedir licença para realizar a prática religiosa em público e as dificuldades em terem aceitação são bastante grandes e muitas vezes essas pessoas chegam a ser impedidas.

As autoridades, ao fazerem a expressão pública depender do tipo de religião que é, violam o ponto 3. do Artigo 41º que diz que Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder.”
Na verdade, apenas a religião Católica está autorizada a manifestar-se em público sem correr o risco de ser impedida. Têm liberdade ao ponto de conseguirem fechar estradas para passarem uma procissão, por exemplo. Isso acontece porque a Concordata assim o exige. No ponto 4. do Artigo 2º, diz a mesma que “É reconhecida à Igreja Católica, aos seus fiéis e às pessoas jurídicas que se constituam nos termos do direito canónico a liberdade religiosa, nomeadamente nos domínios da consciência, culto, reunião, associação, expressão pública, ensino e acção caritativa.”.


É uma violação clara da liberdade religiosa. É uma forma de discriminação que, apesar de não ser tão notória, é real e mancha a laicidade que o Estado manifesta ter. É a trangressão do ponto 2. do Artigo 18º que diz que A lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos.”.

 

A nível histórico e geral

A imagem mais clara da violação da laicidade é um Estado teocrata, ou seja, o país é governado por uma religião em específico.
Ao longo da História, ficou mais que provado que governos teocratas só trouxeram prejuízo para as suas populações. Mesmo na atualidade, temos locais governados por uma teocracia.
O mais conhecido, por causa das tragédias que acontecem todos os dias, é o Médio Oriente, governado pela religião islâmica. Bem ou mal interpretado, o Corão é a base da lei dos países desta região e, qualquer um que não se enquadre ou que se desvie das regras lá estipuladas, ou é torturado até se arrepender ou então é condenado à morte.
Outro exemplo, que aconteceu há, mais ou menos, 6 séculos atrás, e que ainda tem uma influência enorme na mentalidade de muitas pessoas atualmente, foi a época da Idade Média, onde grande parte da Europa foi governada pela Igreja Católica. Toda a gente, praticamente, já ouviu falar da Inquisição, por exemplo. Qualquer tipo de pessoa que se desviasse dos preceitos estipulados pelo governo religioso daquela época não escapava à perseguição, à tortura, nem à morte.
E houve também países, como os Países Baixos, a Alemanha e a Suiça, por exemplo, que foram, por um determinado momento da História, governados pelo Protestantismo e que, mesmo o impacto tendo sido menor em comparação com as outras situações já referidas, houve perseguição, tortura e morte de qualquer tipo de opositor à ideologia em vigor no governo.
Estes são alguns dos exemplos mais trágicos que há de um governo teocrata, não laico.
Depois, existem, atualmente, locais onde há discriminação religiosa devido ao facto de a religião, tal como aqui em Portugal, ter uma certa influência nos governos que se dizem laicos: o Vaticano, dominado pela Igreja Católica; a Inglaterra, dominada pelo Anglicanismo, entre outros. E, nestes locais, acontece o mesmo que aqui em Portugal. A liberdade para as minorias religiosas se exprimirem é bastante limitada, enquanto que a religião que está em maioria tem mais privilégios.

É verdade que há sitíos que tiveram na base da sua fundação uma religião, mas isso não é motivo para impedir que o Estado seja laico. Um grande exemplo disso é Israel. Um país que teve na sua base de origem a religião judaica e que, hoje, apesar da maioria da população ser de religião judaica, não discrimina as outras religiões, dando-lhes total liberdade. A religião não tem influência no Estado de Israel apesar do Presidente e de grande parte do povo israelita serem judeus.
O maior exemplo de Estado laico, mesmo tendo sido grandemente influenciado por valores cristãos, são os Estados Unidos da América. A liberdade religiosa é para todas as pessoas e não só para uma religião. Todos os valores religiosos são respeitados e não só aqueles que estiveram na base da origem do país.

No caso de Portugal, deveria acontecer o mesmo. Mesmo este país tendo tido grande influência Católica e mesmo os seus fundadores tendo sido católicos, isso em nada deveria impedir o país de ser totalmente laico. O único erro cometido foi a assinatura da Concordata que atribui ao catolicismo uma posição mais elevada que o resto das religiões existentes. Portugal foi completamente laico na época da Primeira República, onde foram até tomadas medidas, por parte do governo, para tirar a Igreja Católica do patamar em que se encontrava e para colocar toda a população em pé de igualdade, independentemente da fé que professasse.
Por estes motivos referidos é que Portugal seria totalmente laico se não estivesse sujeito a uma Concordata. Enquanto este documento prevalecer contra a Constituição Portuguesa, a discriminação religiosa continuará a existir e não haverá igualdade entre todas as pessoas. Essa igualdade plena continuará dependente de uma religião.

 

Autor: Pedro Miguel Salazar

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