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Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Peregrina neste mundo

Sou peregrina na terra; não escondas de mim os teus mandamentos. Salmos 119:19

Um homem, uma mulher, uma carne - 1ª parte

"E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne."
Génesis 2:23,24

 

"Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea." Marcos 10:6 e ordenou-lhes que frutificassem e se multiplicassem, algo que só é possível com a união dos dois sexos numa só carne. Os dois, homem e mulher, são a família que Deus criou. Foi com esta família que Deus fez uma aliança que foi selada com o único tipo de união física capaz de perpetuar esta família criada à imagem do divino Criador. 

 

Nos últimos anos, temos assistido a uma leitura diferente de Génesis 1 e 2 por parte dos defensores da homossexualidade, mas se Deus tivesse em vista qualquer outro tipo de família, o relato da criação não seria totalmente diferente? Alguns, argumentam que Eva não era um complemento para Adão, mas sim uma companheira básica, alegam que ela solucionou o problema da solidão de Adão e não a falta de completude, que a mulher, ao contrário dos animais, era apropriada para o homem por ser semelhante a ele, que a linguagem "uma só carne" não refere qualquer acto sexual específico, que Génesis 2 não menciona a procriação e que usa o exemplo de um homem e uma mulher para ilustrar o vínculo da aliança do casamento, mas que isto pode apenas descrever o que é normal em vez do que é normativo. Segundo eles, a união de dois homens ou de duas mulheres, pode demonstrar o mesmo deixar, o mesmo unir e o mesmo compartilhar da intimidade de tudo o que vemos em Adão e Eva.

 

O problema é que esta revisão do texto bíblico, por mais plausível que possa parecer, não se harmoniza com os relatos específicos do relato da criação. Há 5 razões que nos levam a crer que Génesis 1 e 2 estabelece o desígnio de Deus para o casamento e que este desígnio exige um homem e uma mulher.

 

1) A maneira como a mulher foi criada indica que ela é o complemento divinamente planeado para o homem: "Então o Senhor Deus fez o homem cair em profundo sono e, enquanto este dormia, tirou-lhe uma das costelas, fechando o lugar com carne." 
Génesis 2:21, depois, a Bíblia diz: "E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão." Génesis 2:22.

A mulher não foi formada do nada, nem do pó da terra, mas da costela que Deus tirou do homem. O que a torna singular é que ela é semelhante ao homem (isso é expresso na afirmação do compromisso de aliança "osso dos meus ossos e carne da minha carne") e diferente do homem. O texto bíblico tem em conta tanto a semelhança como a diferença. Adão deleita-se com o facto de que a mulher não é outro animal nem outro homem. Ela é exactamente o que o homem necessita: uma auxiliadora idónea, igual a ele, mas o seu oposto: "E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne." (Génesis 2:23,24).

 

2) A natureza da união "uma só carne" pressupõe duas pessoas de sexos opostos.

A expressão "uma só carne" aponta para a intimidade sexual, conforme sugerido pela referência à nudez no versículo 25: "E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam." Génesis 2:25. Essa foi a razão por que Paulo usou a linguagem de "uma só carne", quando advertiu os coríntios a respeito de se unirem a uma prostituta (1 Co 6:15-16). O acto de relação sexual une orgânica e  relacionalmente um homem e uma mulher, tornando-se uma unidade. A unidade das partes na actividade sexual não permite que os dois se tornem "um" desta mesma maneira. [...] Quando Génesis 2:24 começa com "por isso", conecta a intimidade de se tornarem uma só carne com a complementaridade de a Mulher ser tomada do Homem (v. 23). O ish e a ishah podem tornar-se uma só carne porque a união deles não é apenas uma união sexual e sim uma reunião, o unir de dois seres diferentes, em que um foi feito do outro e ambos, feitos um para o outro. 

 

Do livro: de Kevin Deyoung

O que a Bíblia ensina sobre a homossexualidade, págs. 34-35

 

Continua: 

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Reféns da cultura do mercado - Niilistas 2

Antes de ler este post, é bom ler o anterior: http://peregrinaaqui.blogs.sapo.pt/refens-da-cultura-do-mercado-62139

 

O niilismo não é resignação à sua sina trágica (eu sou um João ninguém), mas a heróica coragem de dominar isso. Não existe ponto de referência transcendente para a verdade. Não existe ponto de referência transcendente para a verdade, dizia Nietzsche - "a verdade não se descobre, ela é feita".

 

Pelo menos a visão de Nietzsche do niilismo era rebelde. Havia alguma vida nela. Ouse ser mestre do mundo! Na década de 1960, por exemplo, muitos jovens buscavam exactamente isso, abraçando a independência dionisiana de todas as convenções sociais e até mesmo as reivindicações de verdade e moralidade última. Assim, provavelmente não é certo chamar à versão de Nietzsche do ateísmo de "niilismo", porque ele dizia que não existe nenhuma coisa em que se crer, mas se crermos em nós mesmos seremos capazes de criar a própria verdade e a realidade, não apenas verdade e realidade pessoal como também para todos os demais. Vencem os mestres.

Hoje, porém, muitos jovens são verdadeiros niilistas. Se para Nietzsche a verdade não era descoberta e sim feita por nós, para muitos, hoje, a verdade nem é feita, mas sim usada passivamente, como se usa um vestido adoptado pela cultura popular. Não realmente felizes, mas também não destituídos - na verdade, até mesmo mimados - muitos de nós encostamos-nos na poltrona e deixamos que os mestres nietschnianos de gerações anteriores nos divirtam, alimentando-nos com as suas imagens da verdade, do bom e do belo.

 

Niilismo é ter duzentos canais de televisão entre os quais escolher e a vida como uma farta e perpétua mesa de buffet onde a escolha é, em si mesma, a finalidade. Esquecemos-nos do que e por que é que estamos a escolher. Estamos a comandar, mas a dominamos uma vida  onde parece faltar qualquer sentido definido de propósito ou destino. Assim, as pessoas conformam os seus corpos aos das revistas de moda, as suas almas aos modismos de auto-ajuda, e, então, voltam para o anonimato suburbano de começar tudo de novo no dia seguinte. Essa busca inquieta, temerária, dionisiana de transformações físicas e espirituais é, em si mesma, uma forma de sofrimento. No final, os mestres tornam-se escravos.

 

A essa cultura, liderada por incansáveis mudanças instantâneas, a luz do evangelho proclama que alguma coisa aconteceu fora de nós, na história - uma interrupção divina que realmente inaugurou um mundo novo (Apocalipse 21:5).

O Espírito Santo foi enviado pelo Pai e pelo Filho, que, vitorioso, está à destra do Pai, para tornar autenticamente novas todas as coisas de dentro para fora. Mesmo agora, a consumação futura está a penetrar "este mundo perverso" (Gálatas 1:4), operando como fermento num monte de massa (ver Mateus 13:33); Lucas 13:21). Ele não promete um você melhor, um estilo ou uma "cara" ou imagem mais na moda, mas uma autêntica nova criatura.

 

Esta nova criação é obra de Deus. É a única verdadeira esperança para a humanidade.

 

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Do livro: Bom Demais para ser Verdade, págs. 148-149

Michael Horton

 

 

O Melhor para as Crianças é Terem um Pai e uma Mãe

Às vezes, tenho a sensação de que até os cristãos, homens e mulheres que professam a sua fé em Cristo, estão a ser moldados para aprovar a co-adopção e a adopção de crianças por pares do mesmo sexo, incapazes de perceber que as recentes alterações só foram feitas por questões ideológicas, para cumprir a agenda política das forças radicais.

Vamos por pontos:

 

  1. O que é o chamado “casamento homossexual”?

- Para inicio de conversa, não é um casamento. Por definição e por força da realidade o casamento é sempre a junção entre um homem e uma mulher, tal como na natureza as espécies procriam e subsistem pela junção de um macho e uma fêmea, tal como a fecundação se dá pela junção de um gâmeta masculino e um gâmeta feminino. É absolutamente errado chamar “casamento homossexual” à junção de pessoas do mesmo sexo! Não existe “casal do mesmo sexo” porque a palavra “casal” implica sempre um macho e uma fêmea – um homem e uma mulher. Portanto, etimologicamente e biologicamente o termo correcto é “par do mesmo sexo” porque são duas pessoas do mesmo sexo. Por muito que se acrescentem palavras novas ao dicionário, uma casal sempre foi, é, e será macho e fêmea.

 

  1. Porque é que se tem utilizado o termo errado?

- Por uma questão ideológica da esquerda radical e relativista, da agenda LGBT e fruto da ideologia de género.

 

  1. Duas pessoas do mesmo sexo podem viver juntas?

- Se duas pessoas do mesmo sexo querem viver juntas e ter os mesmos direitos e deveres dos casais, é uma decisão delas e eu não tenho que ser contra ou a favor. Podem dar-lhe o nome de “união civil registada”, "união de facto" ou outro qualquer, mas nunca será um casamento ainda que insistam em chamar-lhe tal.

 

  1. Sou  a favor da adopção?

- Fui adoptada e se tivesse condições económicas gostaria de adoptar.

 

  1. E a adopção por pares do mesmo sexo? Qual é a minha opinião?

- Considero que é um atentado aos direitos fundamentais da criança de ter um pai e uma mãe.

 

  1. Porquê?

- Porque o que se sabe é que o melhor para qualquer criança é ter um pai e uma mãe. Ainda que nos deparemos com várias situações como: ter só o pai ou a mãe, estar numa instituição ou ser criado por avós, tios ou tias, dois homens ou duas mulheres, está provado cientificamente que o melhor para as crianças é serem criadas por pai e mãe.

 

  1. Mas não é preferível que a criança tenha quem a ame e cuide dela, ainda que sejam “dois pais” ou “duas mães”?

- Ainda que os pares homossexuais sejam cuidadores e gostem da criança, é sempre uma opção menos boa para o são desenvolvimento da criança e agrava-se ainda mais quando se impõe a dupla filiação paterna ou materna como se pretende fazer em Portugal, ao arrepio de outros países onde a opção por pares do mesmo sexo é possível, mas não se impõe que conste no Cartão de Cidadão a impossibilidade que é ser filho de dois homens ou de duas mulheres.

Do meu ponto de vista é pura maldade e falta de respeito para com a criança e pode vir a causar-lhe graves perturbações no desenvolvimento psico-afectivo devido ao facto de ela não poder desenvolver a representação intelectual, emocional e afectiva do pai ou da mãe que não tem nem nunca teve. Este espaço intrapsiquico é esmagado e até eliminado  pela existência de um outro cuidador significativo de quem  a criança até pode gostar e que se impõe como um pai no lugar da mãe ou uma mãe no lugar do pai.

Como é que a criança vai perguntar a este “substituto”: «onde está o meu pai/mãe?»

Como pode fazê-lo da forma correcta? Não pode! Esta situação vai ficar reprimida e recalcada até à adolescência onde começa a surgir e a criar inúmeros problemas psicológicos e relacionais e que tem levado, em muitos casos, à revolta contra os cuidadores que lhe impuseram um modelo impossível, irreal e contra-natura que só revela egoísmo e desrespeito pelos sentimentos da criança.

 

  1. Então, recuso que dois homens ou duas mulheres possam cuidar de uma criança?

Não tenho nada contra o facto de dois homens ou duas mulheres cuidarem de crianças, mas tenho tudo contra homens e mulheres que imponham um modelo de família contra-natura e de dupla filiação no registo civil.

 

  1. A presença da figura materna e paterna é fundamental para o desenvolvimento de uma criança?

- É imprescindível e não apenas fundamental.

 

  1. Mas, então, estou a dizer que é melhor a criança ser criada por um casal [mãe e pai] que a trate mal, do que por um par homossexual que a trate bem?

Pessoas boas e más existem independentemente da sua orientação sexual. Usar esse argumento é de uma hipocrisia terrível. Essa é a excepção e não a regra. Se o casal é mau e não tem condições de criar a criança ou sequer de a ter, se for necessário retirá-la a esse casal ou se os pais não a querem, então o instituto de adopção tem a obrigação e o dever de arranjar outro casal, um pai e uma mãe, que todas as crianças precisam, desejam e merecem.

 

  1. Há algum estudo científico que prove que a adopção por “casais homossexuais” não é a solução?

Há sim. E têm sido divulgados pelo Centro de Recursos Pessoa, Família e Sociedade (CRPFS), uma plataforma cívica formada por diversas áreas do conhecimento e do saber, preocupadas com a reflexão e o pensamento sobre temas estruturantes e fundamentais da sociedade e que incidem numa preocupação fulcral com o bem-estar da pessoa humana, que recentemente publicou um folheto onde estão os estudos actualizados e os mais credíveis sobre o tema e que importa explorar, ler e divulgar.

 

  1. A sociedade portuguesa aceita bem uma criança adoptada por um “casal homossexual”?

Infelizmente, esta sociedade aceita tudo. Ainda que ninguém discrimine ou trate mal as crianças (o que duvido), a questão de fundo é que isso é mau; é a pior opção para as crianças e é isso que é grave. A estigmatização começa a partir do momento que duas pessoas adultas se querem constituir como uma família normal sem nunca o poderem ser.

E, se falarmos na procriação medicamente assistida a mulheres sozinhas ou a pares de lésbicas com tudo o que isso implica de mau, percebemos o egoísmo exacerbado da natureza humana que é o de querer ter tudo, fazer tudo, ter filhos a todo o custo como se de uma coisa se tratasse sem pensar nas implicações desse acto para a criança que não escolheu nascer naquelas circunstâncias.

Segundo os dados disponíveis, em Portugal, por cada criança a adoptar HÁ 3 casais (homem e mulher) em lista de espera, ENTÃO, não precisamos da co-adopção ou da adopção por pares do mesmo sexo, pois o interesse da criança está protegido. BASTA acelerar os processos de adopção.

O QUE LHE PARECE? Para uma criança que ficou sem família, não será melhor ter um pai e uma mãe adoptivos? EFECTIVAMENTE, a adopção existe para as crianças e não para os adultos.

 

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Baseado no jornal: O DIABO, 15 de Dezembro de 2015

De uma entrevista ao Psicólogo clínico e sexólogo Abel Matos Santos

 

 

O Perigo Mortal da má Teologia

Quase a terminar a leitura do livro de Michael Horton, "Bom Demais Para Ser Verdade", deparei-me com um relato para o qual todos nós, cristãos, devemos atentar e tomar como alerta. 

"... Existe uma batalha cósmica entre o reino de Deus e o de Satanás, e as nossas vidas fazem parte do drama que se desenrola disso. Embora não ousemos reduzir o nosso sofrimento físico ao âmbito de batalha espiritual, também não devemos perder este aspecto importante de todo o sofrimento. [...] Durante as provações, estamos num tribunal, como Jó e como o nosso Senhor, com Satanás assumindo o papel de promotor público e Cristo como nosso advogado de defesa. O objectivo de Satanás nessa disputa é roubar-nos a nossa confiança na misericórdia da vontade de Deus para connosco, enquanto o objectivo de Deus é fortalecer-nos.

 

Assim como as batalhas físicas envolvem batalhas espirituais, o reverso também acontece. Encontrei-me para almoçar com um jovem que me disse que, apesar da sua criação cristã e fé em Jesus Cristo, perguntava-se se era homossexual. Durante a nossa conversa ficou claro para mim que ele não era gay, mas sim um cristão que lutava contra a tentação de ceder ao homossexualismo. Primeiro, ele estava preocupado com o facto de poder ser gay. Isso é um sinal rudimentar de arrependimento diferente daqueles que se consideram gays - ou seja, que afirmam um estilo de vida homossexual. Além disso, ele professava a sua fé em Cristo, não só da libertação da culpa como também da tirania do pecado. Desejava ser liberto dessa tendência pecaminosa.

 

O problema, é que o seu pastor não via as coisas desse modo, dizendo ao jovem que ele tinha sido "entregue ao pecado" como Paulo descreveu a condição do coração não regenerado (Romanos 1:28). Esse pastor entendeu o termo "entregue" como referência ao desejo homossexual; enquanto Paulo, na verdade, estava a tratar a homossexualidade (Romanos 1:24-27) como um exemplo do que se torna socialmente aceitável quando o conhecimento de deus é ofuscado. Noutras palavras, de acordo com Romanos, "entregou" não descreve os que lutam contra a homossexualidade; pelo contrário, a homossexualidade é um exemplo daquilo que se torna aceitável quando rejeitamos a Deus. A propósito, Paulo menciona também a avareza, maledicência, desrespeito e maldade de coração entre outros pecados semelhantes (1:29-31).

 

Este jovem, claramente, não rejeitava Deus, mas o seu pastor rejeitou-o, embora ainda não o tivesse excomungado oficialmente. Tristemente, os seus pais, líderes no apoio de causas conservadoras de "valores da família" estavam envergonhados do filho, e aceitavam totalmente o veredicto do pastor.

[...] O que esse jovem mais precisava era de absolvição - a constante afirmação e segurança de que os seus pecados foram perdoados pelo amor de Cristo. Somente o perdão pode trazer-nos de volta ao arrependimento que é evangélico (ou seja, de boas novas) em vez do mero arrependimento legal (ou seja, produzido pelo medo). Ele acabou por se mudar para os escritórios da nossa organização na Califórnia, servindo como voluntário para ajudar outros a encontrar essa maravilhosa graça.

 

Voltando para casa após um ano connosco, ele encontrou-se mais uma vez na armadilha do ciclo de condenação-culpa-transgressão. Acabou por tirar a sua própria vida. [...] ele permanece para mim como um símbolo da tragédia da má teologia, e das tragédias por ela produzidas de maneira prática. Precisamos de reconhecer, repetidas vezes, que é somente o evangelho - ver Cristo no seu ofício salvador - que pode dar-nos fé e obediência autêntica. Os mandamentos e as advertências fazem parte da Escritura; temos de as reconhecer, pois quando o fazemos conhecemos mais profundamente a nossa necessidade de Cristo. Mas, oa mandamentos e as advertências - mesmo quando apresentados de forma polida como sugestões de ajuda - não podem insuflar as velas do nosso barco com fé, amor e esperança. Sem o evangelho, a lei é um fardo terrível que nos conduz ao desespero ou então à desilusão da auto justiça.

 

[...] o conhecimento da verdade é uma questão de vida ou morte. A má teologia pode, literalmente, matar alguém fisicamente, assim como tira a vida espiritual de tantas pessoas. A sã doutrina não é, como muitos presumem hoje, uma distracção da vida verdadeira de discipulado cristão, mas sim, preparação para essa vida de discipulado."

 

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Reféns da cultura do mercado - Niilistas 1

Vivemos numa sociedade insatisfeita. As pessoas tornam-se cada vez mais individualistas, mais egocêntricas, imorais  e amorais. Tudo, desde a ciência à política, passando por algumas religiões, buscam desesperadamente tirar Deus da criação para não terem um Criador ao qual prestar contas. 

Há pessoas que se sentem esmagadas, fragmentadas e confusas. Discordam daqueles com quem antes concordavam e alinham-se com aqueles que antes eram motivo de discussão acirrada. Metem-se em tudo na procura de algo a que chamam crescimento pessoal e espiritual: regressão, análise Jungiana, "Um curso em milagres", grupos de 12 passos de recuperação, meditação zen, reiki, yoga, Wicca, hipnoterapia, hipnose Ericksoniana, espiritismo, etc..

Procuram incansavelmente novas experiências e depois dizem que apenas querem simplificar a vida... Quantas pessoas conhecemos que vivem assim? Pessoas que são consumidoras vorazes do grande mercado das realidades em que se transformou o mundo ocidental: uma religião aqui, uma ideologia ali, um estilo de vida diferente algures.

 

O psicólogo Robert Jay Lifton chamou "a esse difundido anseio por identidades sempre novas "estilo proteano", do mito grego de Proteu, que muda constantemente de forma para fugir aos seus captores. Antigamente, ter múltiplas personalidades era sinónimo de transtorno ou doença, diz Lifton, mas hoje, é uma característica comum do pós-moderno. Uma rede de vendas de moda adoptou o slogan "Reinvente-se". Essa "paixão por renascer", pelo menos em parte, é alimentada pelo insistente senso de culpa [pecado] que jamais é confrontado. Todo o mundo deseja ser algo ou alguém diferente, uma nova criatura - mas sob os seus próprios termos.

 

Isso pede uma série viciosa e no final insatisfatória de "renascimentos", exactamente porque todos ocorrem, como disse o autor de Eclesiastes "debaixo do sol" (Eclesiastes 1:3), sem qualquer significado que penetre de fora da teia de possibilidades quotidianas deste mundo. "Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" (Eclesiastes 1:2). Quem disse isso era alguém que tinha tudo. A nossa sede por perpétua auto transformação é gerada, em grande parte, pela cultura do mercado. Vemos propaganda de pessoas que são como gostaríamos de ser, com vidas que gostaríamos de viver, e que se vêem com a imagem que queriam projectar de si mesmas. No entanto, a verdade é que os nossos corpos estão a envelhecer, o nosso carisma a desvanecer-se; a nossa mente esquece-se e é demasiadamente distraída por aquilo que é trivial e urgente. As nossa almas são tão magras que nem sequer imaginamos o que seja glorificar a Deus e gozá-LO para sempre.

 

Em tudo isso, vivemos do redemoinho da feira das vaidades, esperando que algo novo apareça na nossa vida para mudar tudo. Assistimos aos fogos de artifício, olhamos uns para os outros e indagamos se isso é tudo o que existe para preencher a nossa vida. Essa era que se desvanece, com as suas falsas promessas e garantias de ter "o seu dinheiro de volta", transformação, luxúrias insignificantes, e diversões contínuas que na verdade são o "ópio do povo" - não a fé bíblica. O carnaval anestesia-nos quanto à realidade da Quaresma, mas é a Quaresma que nos conduz à Páscoa!

 

Noutras palavras, a vaidade da nossa cultura distrai-nos da vida na sua plenitude, embalando-nos numa superstição infantil de que tudo vai bem e de que o futuro é benigno. Somos uma tela vazia, pintando sobre nós mesmos um cenário diferente num esforço para não sermos a pessoa da canção do Beatles: "Nowhere man, living in nowhere land, making all his nowhere plans fot nobody" (Homem nenhum, vivendo em lugar nenhum, fazendo todos os seus planos de nada para ninguém).

 

Não é isso que temos a tendência de pensar que somos. Não é o que os evangelistas da tranquilidade dizem que somos; mas é exactamente isso que sabemos que somos, quando as luzes se acendem. Niilismo é o nome que damos ao fenómeno. Literalmente, significa "ser nada".

 

Baseado no livro de Michael Horton:

Bom Demais Para Ser Verdade, págs. 145-147

 

Continua:

 

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